capítulo 25

M.Fernanda: e-eu, eu preciso lavar o rosto pelo menos 

Júnior: eu te ajudo, mas primeiro me fala se você quer falar sobre oque aconteceu no dia do acidente

M.Fernanda: eu quero, eu preciso falar logo e me livrar disso tudo

Júnior: isso, assim que se fala - ele me deu um beijo na testa, me pegou no colo, me colocou na cadeira de rodas e me levou até o banheiro, me ajudou a lavar o rosto e escovar os dentes e voltamos para o quarto - você quer ficar sentada aí ou voltar pra cama ?

M.Fernanda: quero ficar aqui mesmo

Júnior: ta, vou pedir pra ele entrar - eu assenti, o Júnior foi até a porta, e eu respirei fundo, entraram meus pais, Júnior e o Delegado - 

Marcelo: oi minha filha - ele me deu um beijo na testa -

M.Fernanda: oi pai - sorri - 

Louise: oi filha - ela me deu um beijo na testa -

M.Fernanda: oi, mãe - sorri - 

Júnior: Mafe, esse é o delegado Oliveira, ele que ta cuidando do seu caso agora 

Delegado: Muito Prazer Maria Fernanda - ele sentou de frente para mim - to esperando faz um tempo ansioso você acordar, estou muito feliz por você viu ?!

M.Fernanda: obrigada - sorri sem mostrar os dentes -

Delegado: bom, podemos começar?

M.Fernanda: podemos sim

Delegado: tá, toda a nossa conversa, vai ser gravada, e depois eu vou mostrar pra você, tá bom ? - eu assenti, ele ligou o gravador - Maria Fernanda, me conta, como era a sua relação com a sua irmã antes do seu acidente 

M.Fernanda: a nossa relação era boa, pelo menos pra mim, eu nunca vi maldade nela, mesmo com todas as minhas amigas falando que ela tinha inveja de mim, eu nunca quis acreditar, afinal, ela é minha irmã mais nova, eu amava ela, mas as coisas foram mudando quando eu descobri a minha gravidez

Delegado: mudando, como assim mudando ? 

M.Fernanda: e-ela me olhava com raiva, e-ela ficava parada atrás de mim quando eu ia descer a escada, eu me arrepiava toda, tinha medo, mas eu não sabia porque 

Louise: a gente começou a notar em casa que a Maria Júlia estava se comportando diferente 

Marcelo: é, ela tava estranha, olhava estranho pra Maria Fernanda

Júnior: a gente até notava antes lá em casa mas, depois que a Mafe engravidou da Antonella piorou 

Delegado: vocês chegaram a brigar antes do acidente ?

M.Fernanda: brigar não, eu só me afastei dela 

Delegado: porque ?

M.Fernanda: na verdade tudo começou quando ela armou para o meu pai ouvir sobre a minha gravidez, ele ainda não sabia, e aí ela fez uma cena pra ele descobrir, aí depois eu fui morar com o Júnior, e, fiquei sabendo que, ela se encontrava\ com a mãe do meu irmão

Delegado: a Kelly ?

M.Fernanda: é, aí eu fui na casa da minha mãe e falei umas coisas pra ela, não briguei sabe, só falei, e ela disse pra minha mãe que eu tinha brigado com ela, aí minha mãe começou a brigar comigo por conta dela, e foi nesse tempo que eu comecei a desconfiar que ela era apaixonada pelo Júnior, também, e decidi me afastar da minha mãe e da minha irmã

Delegado: e aí você ficou afastada quanto tempo ?

M.Fernanda: até o dia do acidente - eu respirei fundo - 

Delegado: e no dia do acidente, me conta como tudo aconteceu 

M.Fernanda: bom - eu suspirei - naquele dia eu tinha ido pro estágio em São Paulo, da faculdade, mas eu estava com bastante dor, já estava perto da Antonella nascer e, eu estava começando a sentir as contrações de treinamento, naquele dia tava bem mais forte que o normal, quando eu saí do estágio com muita dor, muita mesmo, aí eu abri meu carro e sentei no banco do carona esperando a dor passar para ir até o consultório da minha mãe, mas a dor não passava nunca, então eu peguei meu celular pra ligar pra minha mãe, mas a Maria Júlia entrou bem rápido no meu carro, no banco do motorista dizendo que queria falar comigo, e eu disse que não dava pra falar com ela naquele momento, e ela disse que eu não tinha escolha

Delegado: e a Kelly ?

M.Fernanda: ela entrou atrás, aí eu perguntei pra Maria Júlia oque ela tava fazendo ali

Delegado: e ela disse oque ?

M.Fernanda: ela não disse nada, quem disse foi a Kelly, mandou eu me acalmar porque elas só queriam conversar comigo

Delegado: e aí ?

M.Fernanda: aí eu disse que não queria conversa e mandei elas saírem do meu carro, a Maria Júlia disse pra eu ficar calma que era só uma conversa e deu partida no meu carro, eu pedia pra ela parar mas ela não parava, aí a Kelly puxou meu cabelo e me mandou calar a boca - meus olhos se encheram de lágrimas -

Delegado: e você, fez oque ?

M.Fernanda: gritei pra ela me soltar, e ela puxou mais forte, disse que era pra eu me afastar do Raphael e mandar ele voltar a falar com ela, se eu não fizesse aquilo, ela disse que eu e a Antonella íamos pagar muito caro - eu disse com a voz embargada - aí eu mandei ela me deixar em paz porque eu não ia fazer nada do que ela tava me pedindo

Delegado: e a Maria Júlia nessa hora, estava quieta ?

M.Fernanda: ela estava quieta, só respondeu a Kelly quando ela disse que ia descer pra Maria Júlia me levar no local combinado

Delegado: e ela desceu ? 

M.Fernanda: desceu, e aí a Júlia deu partida no carro, ela saiu muito rápido mesmo, ela tava com raiva sabe - eu falei com lágrimas escorrendo nos olhos - ela dizia que eu ia pagar tudo que eu fiz pra ela, que eu sempre fui a preferida, a mais querida, e que ela sempre ficou na minha sombra, que nossos pais nunca trataram ela como me tratavam - minha voz começou a embargar- ela falou que eu sempre fui melhor em tudo, que eu sempre roubava tudo que ela ama

Delegado: e você dizia oque ?

M.Fernanda: que ela tava maluca, que não era verdade

Delegado: e ela falava mais oque pra você ?

M.Fernanda: ela disse que eu roubei o Júnior dela, que, ela viu ele primeiro, se apaixonou por ele, e, eu fui e roubei ele dela, que eu engravidei pra segurar ele ao meu lado, e aí eu falei que aquilo era mentira porque eles nunca tiveram nada, o Júnior nunca quis nada com ela, e que ele jamais teria porque ela é uma pessoa ruim e invejosa, que eu fui cega de acreditar nela e passar a mão na cabeça dela tantas vezes e pedi pra ela parar o carro porque já tinha passado de todos os limites 

Delegado: e ela falou oque ?

M.Fernanda: me mandou calar a boca e acelerou o carro - minha voz estava ainda mais embargada lembrando de tudo que aconteceu naquele dia, mas, eu precisava contar... - aí eu pedi pra ela parar poque eu estava com dor, implorei pra ela me levar pra um hospital, e ela disse que por ela podia morrer eu e a minha filha - eu disse e comecei a chorar muito, Júnior e os meus pais pularam da cama e vieram até mim -

Marcelo: calma minha filha, respira fundo - ele disse fazendo carinho na minha cabeça, com a voz, também embargada - 

Delegado: você quer parar Maria Fernanda ?

M.Fernanda: não - eu respirei fundo, meus pais e o Júnior sentaram novamente na cama -

Delegado: bom, e depois disso, oque aconteceu ?

M.Fernanda: eu pedi pra ela parar o carro porque ela ia bater, e ela disse que nao estava nem aí, e aí, eu só lembro que eu fui ejetada pra fora do carro, caí no chão e não lembro de mais nada - eu disse com lágrimas correndo nos olhos - só tenho flashs de lembranças de coisas que eu ouvia enquanto estava em coma, e ela esteve aqui diversas vezes, ela me ameaçou, ameaçou minha filha, falou que eu não deveria acordar nunca - eu falei aos prantos - e esses dias ela esteve aqui também, mas quando eu vi ela, ela saiu rápido e fechou a porta 

Louise: a Maria Júlia esteve aqui ? - minha mãe falou em choque - 

M.Fernanda: teve mãe, o Raphael estava comigo e ele sabe, eu contei pra ele, eu não me sinto segura sabendo que ela ta solta, ela acabou com 5 anos da minha vida, ela me deixou assim - eu disse aos prantos - 

Delegado: Maria Fernanda, você era a peça chave que faltava pra eu concluir de vez esse acidente, que aliás, não foi um acidente, foi uma tentativa de assassinato, com o agravante que, você estava grávida

Marcelo: e que ela deu falso testemunho né doutor ? porque ela mentiu, ela disse que a Fernanda estava dirigindo o carro no acidente 

Júnior: essa louca rondou eu e a minha filha por anos, ela e aquela Kelly, até que a outra foi embora e a Maria Júlia se aquietou

Delegado: bom - ele levantou - eu vou providenciar intimação para as duas, vou mantendo vocês informados, e, Maria Fernanda, que sua recuperação seja breve, a justiça será feita - nos despedimos e ele saiu - 

Louise: Minha filha - ela venho até mim e ficou agachada na minha frente - me perdoa filha - ela segurou as minhas mãos - me perdoa por não ter acreditado em você e em tudo que você falava da Maria Júlia - ela disse com lágrimas escorrendo nos olhos - 

M.Fernanda: ta tudo bem mãe - eu levei devagar meu braço até o rosto dela e enxuguei as lagrimas - você é mãe dela, eu te entendo

Louise: eu não sei oque eu faço agora - ela olhou pro meu pai - 

Marcelo: eu acho que a gente deveria ir pra sua casa e falar com a Maria Júlia

Louise: mas o Júnior passou a noite aqui, deve estar querendo ir pra casa, ver a Antonella

Júnior: dona Louise, podem ir tranquilos, eu ligo pro Rapha e ele fica com a Mafe, eu vou em casa, tomo banho e volto com a Antonella

Marcelo: ótimo, assim fica ótimo, a noite eu durmo aqui

M.Fernanda: vocês não precisam ficar aqui todo tempo, podem ir resolver as coisas gente, eu me viro

Louise: até parece né minha filha - ela deu um beijo na minha mão - a gente vai, mas a gente volta - ela levantou -

Marcelo: minha filha, a gente volta a tarde - eu assenti e eles saíram - 

Júnior: e aí, como você ta se sentindo ? - ele venho até mim - 

M.Fernanda: eu to me sentindo leve mas culpada, porque a minha irmã vai pra cadeia

Júnior: ela vai pagar pelo que ela fez, só isso, mas eu te entendo - ele fez carinho no meu rosto, a porta abriu, era a enfermeira com o meu café da manhã - 

Enfermeira: Bom dia, Bom dia - ela sorriu - como passou a noite, Mafe ?

M.Fernanda: Bom dia Aninha - sorri - passei super bem

Enfermeira: eu ia vir aqui perguntar se você queria tomar banho, mas, pelo visto já ta até de banho tomado - ela arrumou a mesa do café para que eu pudesse comer  -

M.fernanda: menina, desde ontem esse jogador aí ta aqui me ajudando na hora do banho - olhei pro Júnior que riu - 

Júnior: jogador de futebol e enfermeiro da minha mulher nas horas vagas, né - rimos -

Enfermeira: muito bem, tem que cuidar dela mesmo - riu - você quer ajuda pra comer, Mafe ?

M.Fernanda: precisa não, quer ver uma coisa ?

Enfermeira: oque ? me mostra - ela cruzou os braços e ficou me olhando - 

M.Fernanda: ó - eu fui lentamente com a minha mão até a colher, peguei um pouco da sala de frutas e levei lentamente novamente até a minha boca, comecei a mastigar toda feliz olhando pra ela e para o Júnior que me olhavam encantados - 

Enfermeira: você ja ta independente assim Mafe ? Daqui a pouco vai precisar mais da gente não viu

Júnior: Ana, ela ja ta mais independente que  gente, sair do hospital ferrou, quem segura essa mulher - eles riram  -

M.Fernanda: e a tendência é ficar cada vez mais independente, viu - eles riram - 

Enfermeira: é assim mesmo que se fala - ela sorriu - eu vou, mas daqui a pouco eu volto com o doutor

M.Fernanda: ta bom - sorri e ela saiu - Jú - ele me olhou - vem tomar café comigo, você deve estar com fome

Júnior: to mesmo - ele venho até mim e ficamos ali, conversando e tomando café, depois, ele afastou a mesa, e ficou deitado comigo na cama, me mostrando o instagram que eu nem lembrava mais como era kk, ele passou por uma foto do Raphael com e Antonella e comentou:

raphaelmathiasv: te amo minha neneca do tio

rafaella: affff ♥

jotaamancio: a cara da peste kkkk amo dms

gilcebola: pestinha kkk

neymarjr: te amamos filha ♥

Júnior: a cara da fera - rimos e ele guardou o celular - 

M.Fernanda: eu acho que toda vez que eu ver ela eu vou chorar - ri - 

Júnior: na primeira vez que ela for mal educada tu para de chorar - nós rimos - 

M.Fernanda: tadinha Jú - ri - 

Júnior: tadinha nada, essa aí é uma pestinha, nem sei a quem puxou

M.Fernanda: a quem né ? - olhei pra ele e rimos - 

Júnior: quer tomar banho antes de eu chamar o Rapha ?

M.Fernanda: acho que pode ser né ?

Júnior: bora então - ele desceu da cama, me pegou no colo, me colocou na cadeira e empurrou até o banheiro, me pegou no colo, me colocou na cadeira de banho, me despiu, ligou o chuveiro e me ajudou a tomar banho - caralho eu to sendo muito forte te ver pelada 2 dias seguidos e conseguir me controlar - ele falou e eu ri -

M.Fernanda: e eu ja te falei que eu to sem os movimentos mas não to morta, você se controla porque quer - ri debochada - 

Júnior: é, e aí a gente ta aqui transando entra uma enfermeira e fica olhando - rimos - 

M.Fernanda: eu espero poder sair logo desse hospital, não tenho nem casa mas ok - ele me olhou sério -

Júnior: a tua casa é onde eu e a Antonella estivérmos, e a gente vai ficar bastante tempo aqui, até você ficar boa, e ir pra nossa casa, nosso canto, viver a nossa vida 

M.Fernanda: eu não sei Júnior, não posso afirmar isso, eu não sei qual vai ser o teor da nossa conversa quando sairmos daqui

Júnior: a gente vai se acertar, amor, a gente se ama - ele me deu um selinho e eu fiquei em silêncio, terminamos o meu banho, ele desligou o chuveiro, pegou a toalha, me enxugou, me enrolou na toalha e me levou até a cama, me deitou na cama, e me vestiu (...) - quer ficar deitada ou voltar pra cadeira ?

M.Fernanda: eu vou ficar na cama porque o doutor logo vem me ver 

Júnior: ja sabe até os horários é ? - ele riu- 

M.Fernanda: pior que sei - ri e ficamos ali conversando (...)

Mafe Off

Louise On

Ouvir o depoimento da Maria Fernanda foi como se tivesse caído um caminhão de água fria na minha cabeça, eu não queria enxergar o óbvio, e, de certa forma me culpo pela Maria Júlia ser oque ela é, sinceramente... Marcelo e eu fomos até a minha casa, quando chegamos, o carro da Júlia estava lá, Marcelo estacionou e nós descemos, quando entramos, a Júlia estava deitada no sofá, ela se assustou quando viu nós dois, e sentou rapidamente:

Maria Júlia: papai e mamãe juntos em casa, nossa, que nostalgia, agora só falta a Mafe entrar também - ela falou debochada e eu, ao olhar a cara dela, fiquei com ainda mais raiva do que eu ja tava, fui até ela e dei um tapa na cara dela tão forte que a cabeça dela quase fez um 360 - que isso mãe, você ta maluca ? - ela levantou com a mão no rosto - 

Louise: você cala essa sua boca e senta nesse sofá - eu falei firme e ela sentou - 

Maria Júlia: oque ta acontecendo mãe - ela falou com a voz tremula - 

Marcelo: garota você é tão dissimulada, minha vontade era revirar a sua cara na porrada, mas nem isso você vale - Marcelo falou nervoso -

Maria Júlia: eu não to entendendo, oque foi que eu fiz ? - ela falou chorando - 

Louise: a gente ja sabe de TUDO -  dei ênfase - Maria Júlia, sua irmã deu o depoimento dela hoje, acabou essa farsa de boa moça (...)